Dezenas de casos de vítimas de abusos sexuais em hospitais, de diferentes zonas geográficas de Portugal, têm chegado até nós. Neste projeto, os jornalistas investigam a dimensão do problema, constatando que são frequentes as situações de maus tratos, abusos verbais e sexuais e violações. As vítimas não são informadas dos seus direitos e de como ou onde obter ajuda e há negligência por parte do pessoal médico. Para além disso, a lei não é cumprida quando se trata de tratar as vítimas, quer por desinformação do pessoal, quer por escassez de recursos hospitalares: as regras dizem que os cuidados a um doente devem ser sempre prestados por duas pessoas. A lei diz ainda que as vítimas têm seis meses para apresentar queixa. Os psicólogos defendem que este prazo não se coaduna com a evolução do trauma. A sociedade portuguesa é ainda muito patriarcal —e os juízes não são exceção, tendo havido discussão pública sobre vários casos arquivados— e vê a mulher como vergonhosa e de alguma forma culpada pelo que lhe aconteceu.
